Saudades

Saudades. Não de alguém ou de um tempo, mas de mim.

Saudades de sonhar. De acreditar. De lutar.

Saudades de rir, de brincar, de me divertir.

Saudades de saber o que quero, de saber quem eu sou.

Saudades de olhar no espelho e me ver. De me enxergar além da carne.

Saudades de me amar…

Meu refúgio

Muito tempo que não venho aqui, no que eu chamava de meu refúgio.

Acho que me afoguei nos meus pensamentos e sentimentos. Não consegui mais ter um abrigo, um respiro. Na verdade, eu preciso me lembrar de respirar tantas vezes…

Não sei o que aconteceu ou como fui perdendo, pouco a pouco, quem eu era.

Não escrevo mais. Não leio mais. Não consigo nem me lembrar de como eu era antes de me perder tanto. Mas sei que, dia após dia, fui tirando uma camada de mim até não sobrar mais nada.

O que restou aqui? Eu nem consigo dizer.

Só sei que quero me reconstruir. Não quero voltar ao passado, mas quero ir construindo novas camadas por cima de tudo que perdi. Cansei de estar desnuda.

E, talvez, a melhor forma de me redesenhar seja voltar aqui, onde as palavras conseguiam me fazer existir.

Diário da quarentena

11 de junho de 2020

Que ano louco esse 2020. Certo dia acordamos, olhamos para as notícias e nos demos conta de que o mundo todo estava tomado (ou sendo tomado) por um vírus desconhecido. Parecia cena de filme apocalíptico, mas era verdade. Quase de repente, todos os planos para esse ano tiveram que ser pausados e a incerteza tomou conta de todos. Começou-se a falar de pandemia, quarentena, isolamento e distanciamento social. A recomendação passou a ser ficar dentro de casa, só sair em caso de extrema necessidade e urgência e evitar ao máximo o contato com outras pessoas. Os shoppings, lojas, academias, salões de beleza, igrejas, tudo, foi fechado. Só a área da saúde, supermercados e farmácias ficaram funcionando, além dos motoboys e entregadores nas ruas, entregando tudo por delivery.

Não me lembro o dia exato que tudo isso começou, mas já são mais ou menos três meses de isolamento no Brasil. Três meses sem poder ver a família, os amigos ou qualquer pessoa próxima. Se ver, só de longe, sem poder tocar ou abraçar. Me lembro de andar nas ruas e ver um filme, as pessoas de máscaras, tentando manter distância uma das outras, aquilo não parecia real. Mas era. E essas, as conscientes. Porque muita gente ignorava a gravidade da coisa, saía sem máscara ou qualquer proteção e não estava nem aí para nada. Aliás, nosso presidente não estava nem aí para nada, mas nem vou entrar nesse mérito, ele fez e falou coisas tão bizarras que prefiro deixar para os livros de história contar. Nesse tempo senti bastante vergonha de ser brasileira, não só pela parte política (que foi nojenta, cruel e muito, muito triste), mas também por parte do povo, que não sabe olhar além do próprio umbigo e não se importou com o outro.

Mas em tempos tão difíceis, resolvi escrever. Afinal, isso aqui chama procurando um refúgio, né?! As palavras sempre me ajudaram a lidar com momentos complicados e esse é o momento mais complicado, louco e diferente que já vivenciei. Então escrevo para me confortar e para registrar minha visão disso tudo, ou só para colocar meus sentimentos em palavras mesmo. Não vai ter um roteiro, mas pretendo escrever o que me vier à cabeça daqui pra frente, e espero sair com saúde disso tudo para poder, quem sabe, mostrar para os meus futuros filhos esses relatos.

Hoje fui a Valença ver minha mãe, minha vó e tia Kátia. Desde que tudo começou é a segunda vez que vou lá e isso é muito ruim e esquisito. Nunca fiquei, em toda minha vida, tanto tempo longe delas. Meu coração dói, mas sei que é o melhor para nós. Na primeira vez, as vi pelo portão, conversamos e não chegamos nem perto. Não consigo nem explicar o que senti, porque foi muito bom vê-las depois de tanto tempo, mas horrível não poder abraçá-las ou entrar dentro da minha própria casa. Dessa vez minha mãe foi esperta, inovou. Vestiu uma capa de chuva, capuz, máscara, e conseguimos dar um abraço. Que sensação boa! Chorei muito. Como esse abraço me faz falta! Ficar longe da minha mãe e de seus abraços é a parte mais difícil de todas! E igualmente difícil é não saber o que vai acontecer, quando tudo isso vai acabar e a vida vai normalizar… Mas acredito que o amor é a maior de todas as forças, então isso me acalma um pouco. Não falta amor por aqui, isso vai passar…

Quarentena

Há um tempo que tenho tentado refletir sobre minha vida e nada parecia fazer sentido algum. Nessa quarentena consegui deixar os pensamentos virem e não me apegar tanto a eles, só deixá-los passar por minha mente e sentir o que tivesse que sentir. Cheguei a uma conclusão que eu já sabia, mas escondia de mim mesma: eu não estou bem. Não sorrio mais, não brinco mais e não dou mais as gargalhadas que eu dava. Não há brincadeira, comédia ou piada que me faça rir de verdade. Todas as minhas fotos sorrindo trazem tristeza por trás. Toda tentativa de alegria, momentos bons e risos não funciona de verdade. Consigo levantar, trabalhar e usar essa máscara quase o tempo todo. As crises estão mais frequentes, os choros são constantes e a dor não vai nunca embora. Esse tempo foi bom para olhar para dentro e entender que não dá mais. Não posso e não vou ficar assim. Eu quase gritava por socorro, mas silenciosamente. Eu queria ajuda, mas não sabia como pedir. Eu suplicava por uma salvação, mas a real é que ela tem que estar dentro de mim. Eu vou sair dessa. Eu vou ficar bem.

“Se você pudesse fazer uma ligação para você mesma quando criança, o que falaria?”

Olha, querida, você acha que sua vida estará resolvida aos 25, mas não estará. Não tenha medo de nada, siga só seu coração. Não queira ouvir as pessoas, nem as que te amam, porque o que é melhor pra elas não vai ser o melhor pra você. Aprenda a estudar todos os dias, não saber estudar vai te atrapalhar de verdade. Desenvolva auto estima e amor próprio, não se cobre e ligue o foda-se pra tudo, perdoe o seu pai e aceite que ele é quem ele é e não vai mudar nunca, talvez isso evite um transtorno de ansiedade e crises de pânico. Continue amando muito, mas ame mais a si mesma. Nunca assista comédias românticas, porque isso vai te fazer acreditar em um amor que não existe na vida real. Não leia contos de fada nem romances. Mas continue lendo muito, isso é algo do qual não irá se arrepender.

E se ele voltasse? Se um dia, entre um episódio e outro de uma série qualquer, ele tocasse minha campainha? Se, de repente, ele percebesse que a vida dele não é a mesma sem mim e viesse até aqui? E se ele pedisse perdão por tudo? E dissesse que se arrepende?
Confesso que sempre me perguntei isso. Sempre imaginei que o que tínhamos era forte demais para acabar assim… Que poderiam passar anos, poderíamos casar, mudar de cidade, vivermos o que tivéssemos que viver, mas um dia ele ia voltar. Às vezes me convencia que era loucura. Outras, tinha certeza que era amor. Alguns dias achava que era vontade de sofrer. Mas na maioria deles eu entendia que era só esperança… A tal bonitinha, que é a última a morrer.

O amor dói. Mesmo quando é recíproco dói. Não sei amar sem doer. Não sei amar pouco nem pela metade. Não sei não sentir exageradamente. Não consigo amar e não querer gritar sobre esse amor por aí. Mas também não consigo falar sobre o amor por aí. Eu quero que você saiba. Eu quero que o mundo todo saiba. Mas eu não sei fazer isso. Eu não consigo. Medo? Insegurança? Nunca sei. Sempre travo. Sempre dói. Não era para doer.

Abril

Para o mês de abril não vou postar fotos, porque não exatamente conheci nenhum lugar novo, mas vivi experiências novas, que era, de fato, meu objetivo ao começar esse “projeto”.

Foi um mês meio corrido, teve aniversário de dois aninhos do meu priminho, casamento da minha prima-irmã, não tive muito tempo para outras coisas.

Mas nesse mês também fui a Niterói fazer uma prova e, pela primeira vez na vida, fui sozinha à praia. Parece algo tão simples e natural, mas para mim foi uma experiência tão diferente… Caminhar pela areia, focar só nos meus próprios pensamentos, sentar e observar o mar…

Sempre fui uma pessoa um pouco dependente, achava o máximo pessoas saindo, viajando e fazendo inúmeras coisas sozinhas, mas confesso nunca ter conseguido ser essa pessoa. Então, para mim, foi um grande passo. Um passo não só em direção à independência e ao amor próprio, mas principalmente um passo enorme em direção à liberdade… E de liberdade me refiro à liberdade em relação ao meu transtorno de ansiedade. Parece tão pouco, tão pequeno, mas só quem sofre de um transtorno e consegue ser muito maior que ele algum dia, vai entender o que eu estou dizendo.

Timidez

Esses dias li uma frase, que me fez pensar bastante sobre o assunto:
“Só quem é tímido sabe o que é querer mostrar ao mundo que é incrível e não conseguir…”
Ser tímido não é ser antissocial, não é ser mal educado, não é ser quieto e introvertido. Ser tímido não é só não ser falante ou ter vergonha em algumas situações. Acho que todo mundo que é tímido já ouviu “ah, eu também sou tímido” de alguém claramente não-tímido e se sentiu irritado. É porque todo mundo tem um pouco de timidez dentro de si… Até as pessoas mais extrovertidas e “caras de pau” têm seus momentos de timidez. Mas isso não a faz uma pessoa tímida, e eu entendo bem esse sentimento de “QUERIDO, PARA DE FALAR QUE É TÍMIDO! VOCÊ NÃO ENTENDE NADA SOBRE ISSO!!!” hahaha.
Ser tímido vai muito além de momentos de vergonha, é um jeito de ser. Com o tempo você pode até encontrar mecanismos pra driblar a timidez, pode melhorar em alguns aspectos, mas o tímido sempre vai ser tímido, não diz pra ele não ser. Você acha mesmo que a pessoa gosta de ficar vermelha toda vez que alguma coisa acontece? Acha mesmo que alguém escolhe ficar tão sem graça a ponto de chorar em determinada situação? Garanto que todo tímido daria tudo pra deixar de ser.

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Eu sei o que é travar completamente no meio de uma conversa, eu sei o que é entrar em pânico e não conseguir falar para muitas pessoas, eu sei o que é chorar no meio de um jantar porque não conseguiu segurar a timidez. E, como na frase que citei acima, eu sei o que é ter um mundo dentro de si e não conseguir colocar para fora, ter tantas ideias, vontades, inúmeras coisas para mostrar, mas simplesmente não conseguir fazer isso. Eu sei o que é ouvir que você não fala, que é antipático, que deveria ser diferente. Também sei o que é gostar de alguém e não conseguir demonstrar, as pessoas acharem que você não tem nenhum interesse por elas ou que simplesmente não se importa. Sei como é sentir demais, se importar demais, mas isso ficar entalado dentro de si.
A timidez já me fez travar, me desesperar, ter vontade de sumir. Já me fez desistir de coisas importantes, me sentir impotente e triste por não conseguir mostrar que existem qualidades aqui dentro. Mas aprendi a falar com os olhos, com o sorriso, com pequenos gestos. Aprendi que a maioria dos indivíduos que irão passar pela minha vida não irão saber nem um décimo sobre mim. Aprendi que é preciso paciência por parte das outras pessoas para ver o que carrego aqui dentro, e quase ninguém tem. Mas aqueles que têm são os que importam de verdade. Aqueles que não querem só passar conseguem quebrar medos, muros, inseguranças. Conseguem conhecer quem eu sou de verdade.

Março

Nunca mais postei sobre os lugares novos que andei conhecendo, mas mexendo no meu google fotos hoje, deu vontade de continuar postando aqui!

No ano novo prometi conhecer algum lugarzinho diferente todo mês e falei sobre os que conheci em janeiro e fevereiro nos respectivos links.

Em março conheci a Toca do Coelho, uma pousada localizada na Serra do Funil. Não precisa estar hospedado para ir, sendo cobrado um valor de R$5,00 para visitação.

 

De lá fazem parte as cachoeiras Espinheira Santa, Quatro Quedas, Mundinho e Toca do Coelho.

As distâncias em relação a algumas cidades: Valença RJ: 45 km, Juiz de Fora MG: 108 km, Rio de Janeiro: 190 km, Belo Horizonte: 370 km e São Paulo: 360 km.