11 de junho de 2020
Que ano louco esse 2020. Certo dia acordamos, olhamos para as notícias e nos demos conta de que o mundo todo estava tomado (ou sendo tomado) por um vírus desconhecido. Parecia cena de filme apocalíptico, mas era verdade. Quase de repente, todos os planos para esse ano tiveram que ser pausados e a incerteza tomou conta de todos. Começou-se a falar de pandemia, quarentena, isolamento e distanciamento social. A recomendação passou a ser ficar dentro de casa, só sair em caso de extrema necessidade e urgência e evitar ao máximo o contato com outras pessoas. Os shoppings, lojas, academias, salões de beleza, igrejas, tudo, foi fechado. Só a área da saúde, supermercados e farmácias ficaram funcionando, além dos motoboys e entregadores nas ruas, entregando tudo por delivery.
Não me lembro o dia exato que tudo isso começou, mas já são mais ou menos três meses de isolamento no Brasil. Três meses sem poder ver a família, os amigos ou qualquer pessoa próxima. Se ver, só de longe, sem poder tocar ou abraçar. Me lembro de andar nas ruas e ver um filme, as pessoas de máscaras, tentando manter distância uma das outras, aquilo não parecia real. Mas era. E essas, as conscientes. Porque muita gente ignorava a gravidade da coisa, saía sem máscara ou qualquer proteção e não estava nem aí para nada. Aliás, nosso presidente não estava nem aí para nada, mas nem vou entrar nesse mérito, ele fez e falou coisas tão bizarras que prefiro deixar para os livros de história contar. Nesse tempo senti bastante vergonha de ser brasileira, não só pela parte política (que foi nojenta, cruel e muito, muito triste), mas também por parte do povo, que não sabe olhar além do próprio umbigo e não se importou com o outro.
Mas em tempos tão difíceis, resolvi escrever. Afinal, isso aqui chama procurando um refúgio, né?! As palavras sempre me ajudaram a lidar com momentos complicados e esse é o momento mais complicado, louco e diferente que já vivenciei. Então escrevo para me confortar e para registrar minha visão disso tudo, ou só para colocar meus sentimentos em palavras mesmo. Não vai ter um roteiro, mas pretendo escrever o que me vier à cabeça daqui pra frente, e espero sair com saúde disso tudo para poder, quem sabe, mostrar para os meus futuros filhos esses relatos.
Hoje fui a Valença ver minha mãe, minha vó e tia Kátia. Desde que tudo começou é a segunda vez que vou lá e isso é muito ruim e esquisito. Nunca fiquei, em toda minha vida, tanto tempo longe delas. Meu coração dói, mas sei que é o melhor para nós. Na primeira vez, as vi pelo portão, conversamos e não chegamos nem perto. Não consigo nem explicar o que senti, porque foi muito bom vê-las depois de tanto tempo, mas horrível não poder abraçá-las ou entrar dentro da minha própria casa. Dessa vez minha mãe foi esperta, inovou. Vestiu uma capa de chuva, capuz, máscara, e conseguimos dar um abraço. Que sensação boa! Chorei muito. Como esse abraço me faz falta! Ficar longe da minha mãe e de seus abraços é a parte mais difícil de todas! E igualmente difícil é não saber o que vai acontecer, quando tudo isso vai acabar e a vida vai normalizar… Mas acredito que o amor é a maior de todas as forças, então isso me acalma um pouco. Não falta amor por aqui, isso vai passar…