Nem sempre ficamos com o amor da nossa vida, e tudo bem. Na verdade, considero de muita sorte quem um dia teve um amor desses. Um amor em que você se doa por completo e recebe na mesma intensidade, um amor que te ensina mais do que qualquer experiência que tenha passado, um amor que te faz perder o ar, o chão, que te faz rir e chorar com a mesma força… Um amor que te faz entender perfeitamente aquela frase do Pequeno Príncipe, que diz que “se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz”, um amor que dá sentido a todas as letras românticas, um amor que te consome por inteiro. É lindo viver um amor desses, sentir cada partícula do seu corpo apaixonada por alguém (se é que isso é possível), então sim, considero de muitíssima sorte quem um dia conheceu alguém que suspirou e disse “é o amor da minha vida!”.
Mas é aí que está o que os contos de fada e as comédias românticas não vão te dizer: nem sempre ficamos com o amor da nossa vida. Podemos conhecê-lo, amá-lo, viver aquela história, mas nem sempre mantê-lo. Nem sempre nos casamos com ele, temos filhos, sonhamos todos os sonhos juntos e começamos a realizá-los, nem sempre vamos ficar com aquela pessoa até o fim da vida.
O amor, ao contrário do que gostamos de acreditar, não supera tudo. O amor é (e como) muito importante, mas não é a única coisa que faz duas pessoas viverem juntas e felizes para sempre. O amor, sozinho, não consegue resolver diferenças muito significativas, não consegue superar aquela grande diferença religiosa ou de sonhos mesmo.
Às vezes, você quer uma casa no campo e 7 filhos. O outro quer viver em um apartamento em uma capital e ter só um peixe. Às vezes você sonha em viajar o mundo, enquanto o outro quer comprar uma casa melhor, um carro melhor e não sobra dinheiro pra isso. Às vezes ele não se imagina casado e ela sonha com isso desde os 3 anos de idade. E, quando essas diferenças são tão significantes, às vezes o melhor a se fazer é deixar o outro ir…
Abrir mão ou perder o amor da sua vida é sim muito ruim, não tem como dizer que não. Mas o tempo (ah, sempre ele) faz com que a dor diminua, com a que a ferida cicatrize e com que você entenda que foi melhor assim. Então talvez o melhor a se fazer seja ser grato por ter encontrado essa pessoa, por ter aprendido tanto com ela, afinal muita gente não consegue nunca viver algo do tipo.